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Seleção brasileira espera dar e receber carinho em Fortaleza

Diante da Venezuela, time busca boa vitória para resgatar torcida

Foto do author Almir Leite
Por Almir Leite
Atualização:

O técnico Dunga costuma dizer que o Brasil tem sempre a obrigação de vencer. Tal raciocínio é mais do que verdade na partida desta noite, às 22h, contra a Venezuela no Castelão, em Fortaleza. A seleção está devendo depois da derrota para o Chile, último de seus tropeços importantes recentes. A pressão é grande, e isso levou ontem o lateral Daniel Alves a fazer um pedido aos torcedores: não façam a seleção “pagar o pato’’ pelo restante dos problemas do País. O experiente jogador admite que a seleção está decepcionando. Mas considera que o torcedor está “misturando as estações’’ e, por isso, cobranças e críticas estão sendo excessivas. “Se eu puder pedir alguma coisa ao torcedor, é para a seleção não pagar o pato do Brasil’’, disse ontem, em Fortaleza. “A seleção está pagando pela revolta do brasileiro com outras coisas.’’ Para Daniel Alves, como o futebol está no coração do torcedor, acaba sendo usado como uma espécie de panaceia para os males do cotidiano – como a corrupção e a violência. Aí, quando os resultados não aparecem, a cobrança é geral. E desmedida.

Seleção quer fazer a festa diante da Venezuela para retribuir ao carinho dos cearenses Foto: Alex Silva/Estadão

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Mesmo porque há um outro complicador: o fato de a maioria dos jogadores da seleção atuar fora do País, alguns há muito tempo. Isso cria a percepção de que esses atletas não estão “nem aí’’ para a equipe e provoca distanciamento. O lateral também admite a existência desse distanciamento. Mas rebate a falta de interesse. “A circunstância impede que você consiga fazer uma grande carreira no Brasil. Eu quero deixar claro que apesar de jogar fora, sou tão brasileiro como os outros. Pode ser que exista um distanciamento, mas somos empurrados a isso.’’ Ele garantiu sentir muito orgulho em vestir a camisa da seleção. A desconfiança em relação à seleção ganhou força impressionante com a derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo e até agora, mais de um ano depois, não diminuiu. Ao contrário, até cresceu com o fracasso da Copa América e da derrota da semana passada para o Chile. “A gente sabe que há uma desconfiança com a seleção, com os jogadores que aqui estão, mas mais do que ninguém, mais do que qualquer outro brasileiro, a gente quer reverter isso’’, garantiu Daniel Alves. O técnico Dunga concorda que os efeitos do 7 a 1 incomodam. Mas entende que os jogadores devem saber conviver com esse fantasma. “Eu digo para eles que essa conta não é nossa, mas, já que a gente está aqui, temos de pagar. E quando os resultados não veem é normal que tenha essa cobrança.’’ Dunga, no entanto, diz saber o que é preciso para que a seleção comece a recuperar o prestígio a partir desta noite. “Primeiro de tudo, temos de fazer um bom jogo para nós mesmos. Mostrar aquilo que somos capazes.’’ A fórmula para isso, porém, ele admite que ainda não encontrou. “Eu e minha comissão técnica não dormimos muito bem’’, afirmou. “Se nós queremos carinho da torcida, também sabemos que eles querem receber carinho da nossa parte. Um bom futebol, uma vitória, para que tenham alegria, possam sorrir.’’

FREGUÊS?Freguesa de carteirinha da seleção brasileira, a Venezuela tem complicado bastante a vida do técnico Dunga. Foi sob o comando do treinador que o Brasil perdeu pela primeira vez na história para a "vinotinto''. Aconteceu num amistoso em 2008, vencido pelo rival por 2 a 0. Nos outros três encontros entre Dunga e a Venezuela, duas vitórias brasileiras e um empate.

Os triunfos ocorreram nas Eliminatórias para a Copa da África do Sul (4 a 0, em Caracas, também em 2008) e recentemente, na Copa América do Chile, um 2 a 1 em que a seleção brasileira, sem Neymar e com quatro zagueiros de área nos minutos finais da partida, terminou o jogo levando sufoco.

O empate foi um jogo pelas Eliminatórias da Copa de 2010, um 0 a 0 em Campo Grande. Foi a única vez que o Brasil não venceu a Venezuela em jogos válidos pelas Eliminatórias. Até então, eram 13 vitórias, 12 delas por três ou mais gols de diferença.

No geral, Brasil e Venezuela já se enfrentaram 22 vezes. São 19 vitórias brasileiras, 2 empates e apenas 1 derrota. A seleção marcou 84 gols e levou 7.

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